SOBRE HOMENS E MONTANHAS

Morro do Araçatuba

| Tijucas do Sul | 1.673 m acima do nível do mar | Serra do Araçatuba | Terra dos Araçás, do tupi |

"De braços abertos num cartão postal." Serra do Araçatuba, 2014
"De braços abertos num cartão postal." Serra do Araçatuba, 2014

"Vento, ventania, me leve sem destino ..."

O morro do Araçatuba está localizado no município de Tijucas do Sul, na estrada do Matulão. Após o pedágio São José dos Pinhais ->Tijucas, na BR376, alguns quilômetros adiante, à direita, haverá uma placa indicando a estrada do Matulão. Siga por essa estrada cerca de 8km até a propriedade que dá acesso ao morro, onde é cobrada uma taxa por veículo. Lá, há banheiros e torneiras.

Considerada a montanha mais fria do estado do Paraná, o que pude confirmar, pela primeira vez, a cerca de 15 anos. São quase 4 quilômetros de distância da base ao cume, aproximadamente 4 horas de caminhada num ritmo tranquilo. O terreno é pedregoso e lá em cima, às vezes, "venta com vontade". A exposição quase constante ao clima, em especial nos dias ensolarados, gera um desgaste físico significativo. Hidratação é fundamental, água não pode faltar, nem o protetor solar!

Não lembro exatamente quantas pessoas fizeram parte da primeira trip, mas lembro de pelo menos mais 2 integrantes: o Marquinhos e a Patrícia Sposito.

O que falar da Pati ... Muitos dos clichês que uso até hoje nas trilhas, aprendi com ela. Aprendi que, melhor do que cair, é "sair pelo rolamento" e que há subidas e subidas, mas, as piores são as "íngridis". kk Já fizemos muitas loucuras, dignas de nota: Camapuã, Itupava, cachoeira do Alemão, Marumbi, Salto dos Macacos, Salto São Jorge, Canal, Castelo dos Bugres, e por aí vai. Sentamos na janela do carro, com os braços escancarados do lado de fora, por estradas de terra esburacadas, muitas vezes, até se tornar uma marca registrada de nossas trips. Dessas paixões em comum, natureza, montanhas, adrenalina, liberdade, surgiu uma grande amizade. Bons tempos, com certeza!

Mas, voltando ao assunto, o Araçatuba é bastante peculiar, pois não é tão vertical como o Anhangava ou o Morro do Canal, e nem por isso deixa de ter vários trechos de subida íngreme.rs A trilha é aberta, basicamente pela crista do morro, com vários paredões de pedra e demanda um bom preparo físico ... e mental. Isso mesmo! É o tipo de trilha que requer um bom preparo psicológico, especialmente em dias de pouca visibilidade (o que não é raro por lá), pois, pelo menos duas vezes, convictos de haver chegado ao cume, descobrimos que o mesmo havia se transportado misteriosamente para mais adiante.rs Spoiler de falso-cume!

O fato é que é muito ruim caminhar em meio à neblina, sem enxergar o objetivo ... minha opinião pessoal. Mas, continuamos, porque não somos daqueles que retrocedem; exceto em dia de tempestade. Em dia de tempestade, o melhor é procurar um bom abrigo e esperar a chuva passar ou, simplesmente, se dar por vencido e voltar para a base o mais rápido que conseguir. Não queira enfrentar um temporal no cume, meu amigo.

Do cume, se as condições fossem favoráveis, seria possível observar a baía de Guaratuba e o Morro dos Perdidos, mas, não foi dessa vez. O tempo não abriu, como algumas vezes acontece, e ficamos apenas nos selfies. Mas, atingimos dois objetivos: chegar ao cume e vivos. \o/

"Força na subida, coragem na descida", como diz a música. As descidas sempre requerem um pouco mais de destreza, coordenação motora e auto-controle, pois, devido ao desgaste físico da subida, as pernas ficam meio tremulas e descompensadas na volta. Na volta, a gente só quer chegar, libertar os pés cansados das botas opressoras e se esbaldar na água, tirar o suor do rosto e a terra das mãos. O sentimento indescritível do dever cumprido.

Mais recentemente, a cerca de 6 anos, voltei ao Araçatuba. Desta vez, com um par de pernas bem utilizadas e outra amiga - Juliana Gobira, e bastaram 30 minutos de trilha para eu concluir que estava bem ... bem fora de forma. Chegar ao cume parecia uma missão impossível, mas, como dar essa notícia para minha amiga? Ela estava empolgada e eu era o guia da rodada. Sentamos em uma pedra para descansar e conversar um pouco e também para curtir o visual que esta trilha proporciona. É incrível a vista da Serra do Araçatuba.

Providência divina ou não, estávamos lá conversando, rindo e tentando recuperar a força para continuar a subida quando, de repente, avistamos uma pequena nuvem escura no horizonte, vindo rapidamente em nossa direção. À medida que a nuvem se iluminava com os relâmpagos que a acompanhavam, tivemos o bom senso de voltar para a base. E, para baixo, todo santo ajuda. Enfim, valeu a experiência. Nem sempre chegar ao cume é o mais importante, mas sempre é possível extrair algum aprendizado na trilha e isso basta. Guiar amigos nos meus lugares favoritos e compartilhar a maravilhosa sensação de sentir-se pequeno e ao mesmo tempo gigante, enfrentar medos e encantar-se com tudo o que a natureza proporciona é sempre recompensador, leia-se: "recompensa a dor". rs São lembranças que nunca esquecerei e agora ficam eternizadas nesse relato.

"Vida é feita para companhia, abraços pela vida afora!"


Morro do Canal

| Piraquara | 1.359 m acima do nível do mar | Serra do Marumbi|

Um dos trechos íngremes da trilha, com corrente fixa,para dar segurança na rocha.
Um dos trechos íngremes da trilha, com corrente fixa,para dar segurança na rocha.

Reza "a lenda", que a melhor época do ano para subir montanhas vai do mês de maio ao mês de agosto - "os meses do ano que não têm a letra R". Quem afirmou isso, foi um senhor de meia idade, cabelos grisalhos e com a pele queimada do sol, ao nos esbarrarmos no cume do pico do Camapuã, em Campina Grande do Sul, no ano de 2016. Ele, descendo, eu, chegando ao cume.

O pico do Camapuã é uma das montanhas que compõe a cadeia montanhosa da serra o Ibitiraquire, com uma vista magnífica do Pico do Paraná, ao fundo. Será assunto de outro post.

Este senhor com quem tive o privilégio de trocar algumas poucas palavras e o número do telefone neste encontro inesperado, é, na realidade, um experiente montanhista, desbravador pioneiro das montanhas paranaenses, o qual, infelizmente, não recordo o nome. 

Voltando ao assunto, é certo que as condições climáticas dos dias mais frios e secos favorecem a visibilidade no alto da montanha, além de permitir que o Sol aqueça o corpo na medida certa durante a subida, sem levar à exaustão que é desencadeada pelas caminhadas em altas temperaturas.

Essa é a primeira dica para trilhar em montanha: prefira os dias frios, preferencialmente no inverno.

Outra dica, para iniciantes, é começar pelas montanhas mais baixas, aquelas com trilhas mais curtas até o cume. Nesta dica, falaremos do Morro do Canal, com seus 1.359 metros acima do nível do mar.

O Morro do Canal está localizado no município de Piraquara e faz parte do Parque Estadual do Pico Marumbi.

Seu acesso se dá em uma propriedade particular - a chácara do seu Zezinho.

Saindo de Curitiba, sentido Paranaguá, via BR 277, antes de passar o pedágio São José dos Pinhais, pegue o retorno sentido Curitiba. Vire à direita no primeiro acesso de estrada de terra após o SAU - Serviço de Atendimento ao Usuário (serviço fornecido pela concessionária que administra a rodovia), e você estará no Caminho Trentino dos Mananciais de Piraquara. Siga "reto toda vida" até chegar ao final do primeiro trecho, então, vire à direita, na bifurcação. Daí em diante, é só seguir as placas. Do início do Caminho Trentino ao morro, são aproximadamente 10 km de estrada de chão, em péssimas condições. Ao chegar a um "grande lago", a represa Piraquara I, se o tempo estiver aberto, ao longe, à direita, será possível observar o Morro do Canal, e outras montanhas da região.

O local possui uma boa estrutura, com estacionamento, banheiros e lanchonete, além de um pequeno camping, para quem deseja pernoitar. O estacionamento é pago, por veículo.

A trilha até o cume, de dificuldade média, é bem sinalizada e tem duração de aproximadamente 1:30h. Possui diversos obstáculos, alguns deles, com cordas, grampos e correntes, que oferecem certa segurança. Além disso, possui diversas vias de escalada.

Assemelha-se, em diversos trechos, à trilha do morro do Anhangava.

Durante a subida, é possível parar em alguns pontos da trilha para observar a bela paisagem que abriga a montanha, porém, a maior parte do trajeto é dento da mata, onde também é possível contemplar a fauna e a flora da região. Há, inclusive, no terço final da montanha, do lado esquerdo da trilha, uma espécie de caverna, um abrigo; parada obrigatória para fotografias.

Na trilha, é importante atentar para pequenas pontes de madeira instaladas entre fendas de rochas, para evitar quedas e acidentes. Há trechos de terra escorregadios. O trecho percorrido na rocha, contudo, é  aderente. De qualquer forma, como em qualquer atividade ao ar livre, toda atenção é necessária.

Do cume do Canal, avistam-se outros cumes, entre eles, o Vigia e a Torre Amarela. Juntas, estas três montanhas formam um circuito que pode ser realizado em um dia, em boas condições. Além disso, pode-se observar a baía de Antonina.

Na face posterior do Canal, é possível descer por uma corda, "no braço", cerca de 15 metros de altura, por onde a trilha continua rumo à próxima montanha, o Vigia.

Em meus anos de trilha, estive mais de uma dezena de vezes no Canal, sob as mais diversas condições climáticas. Já vi gente "congelar" na primeira parte da descida, nos grampos, sendo necessário muito apoio psicológico e a motivação dada pelos amigos do grupo para tornar a descida possível e com segurança. Por isso, não subestime a trilha do Morro do Canal, embora alguns a tenham como "trilha de principiantes". Isso não é verdade. Trilhar é uma experiência muito pessoal e cada um reagirá às dificuldades à sua forma e no seu próprio ritmo. Respeite! Seja um trilheiro consciente!

Informe-se sobre as linhas de ônibus que passam pela região do Morro do Canal, partindo de Curitiba e/ou região metropolitana:

Ônibus - 336 VILA RENO (terminal do Centenário/Curitiba)

Ônibus - 463 SOLITUDE (Praça Carlos Gomes/Curitiba)

Ônibus - I20 COLOMBO/SÃO JOSE (terminal Maracanã/Colombo)


Julho/2020


Morro do Anhangava 

| Quatro Barras | 1.420m acima do nível do mar | Serra da Baitaca |

De um pôr-do-sol no morro do Anhangava
De um pôr-do-sol no morro do Anhangava

O Morro do Anhangava  está localizado na Serra da Baitaca, no município de Quatro Barras, Paraná (Brasil). Em língua tupi-guarani, seu nome significa Morada do Diabo.

Acredita-se que exploradores tenham chegado ao cume no início da colonização, por volta de 1693, anos após a inauguração do caminho do Itupava. 

É considerado um dos melhores campo-escola de escalada em rocha do Brasil. Excelente ponto para prática de vôo livre, escalada, rappel, caminhadas e passeios a cavalo. 

Acesso

O acesso é realizado no município de Quatro Barras, de ônibus (Quatro barras - Borda do Campo) ou de veículo, pela BR 116, rodovia Régis Bittencourt, sentido SP. 

Acesse o trevo de Quatro Barras à direita e siga as placas que indicam Borda do campo e Morro do Anhangava.

No centro de Quatro Barras há uma praça (referência Avenida das Pedreiras). Seguindo por ela, chega-se ao trecho onde acaba o asfalto. Siga pela estrada de terra até visualizar o trailer do IAP.

Há um estacionamento pago, à direita, mas também é possível estacionar na rua, atualmente asfaltada.

À direita do posto se encontra a trilha, início do Caminho do Itupava. À esquerda, seguindo pela estrada de terra a pé, aproximadamente 200 metros, estão os degraus de terra onde começa a trilha, à direita, onde há uma placa de sinalização.

A trilha é considerada de nível leve, mas a subida exige condicionamento físico.

A distância é de aproximadamente 8 km, com tempo médio de 2 horas de caminhada, em ritmo moderado.

Há grampos fixados nas rochas que ajudam a aumentar a segurança. 

Siga as marcações nas setas brancas ou amarelas que indicam o caminho.


Outros atrativos da região

Na face oeste da Serra da Baitaca, no Distrito da Borda do Campo em Quatro Barras, é possível encontrar um conjunto de pequenas cachoeiras. Uma na estrada da Baitaca, outra no Campo do Asa delta e duas no entorno do Morro Anhangava. Uma delas fornece água captada e tratada pela Estação de Tratamento de Água da Borda do Campo, localizada no Pinheirinho.

Esta água de extrema qualidade, captada de uma cachoeira, abastece grande parte dos bairros das Borda do Campo, Pinheirinho e Granja das Acácias e pode ser acessada pela Trilha do Itupava em uma caminhada de vinte minutos.


Googlemaps

 https://www.google.com/maps/place/Morro+do+Anhangava/@-25.388352,-49.003471,3367m/data=!3m1!1e3!4m5!3m4!1s0x0:0x234ead4c51374ed7!8m2!3d-25.3883521!4d-49.0034707?hl=pt-BR


Junho/2020


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"Acordei sentindo saudade de casa, mas é estranho sentir saudade de casa quando se está em casa. Então tomei consciência que sinto saudade da brisa do mar, do sotaque cantado, do céu estrelado, dos ventos fortes, da noite gostosa e dos versos de José de Alencar. Eita meu Ceará!" Leivânio Rodrigues

"... que as janelas devem permanecer, o dia inteiro, abertas para o verde onde cresce a esperança." Thiago de Mello

Muito tempo atrás, em minhas incansáveis buscas por conteúdo relevante nos motores de pesquisa da internet, deparei-me com a frase: "A vida acontece no traço".

Um notório príncipe da região atualmente conhecida como Nepal, afirmou que "toda grande jornada começa com o primeiro passo".

Em tempos de home office e distanciamento, valorizo ainda mais tudo o que me mantém conectado à natureza.

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